Parkinson e a Vida Profissional

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Uma das principais dúvidas dos pacientes com Parkinson é a respeito da vida profissional. Realmente, não se pode negar que a doença de Parkinson impõe uma série de limitações aos pacientes, atingindo também muitos no âmbito profissional.

No entanto, com tratamento adequado, os sintomas mais incapacitantes podem ser bem controlados e não prejudicar o convívio social nem a capacidade profissional do paciente. Além disso, atualmente, muitas conquistas têm sido obtidas para tornar o ambiente de trabalho em um lugar onde as diferenças possam ser respeitadas.

Como é a vida profissional de um parkinsoniano?

Atualmente, muitas pessoas convivem com diagnósticos de doenças crônicas dos mais diversos tipos que não apresentam resolução completa, ou seja, cura, mas sim tratamentos e controle dos sintomas.

Muitas pessoas têm diabetes, hipertensão arterial e outras doenças que, quando bem controladas, são imperceptíveis para as pessoas ao seu redor, incluindo o próprio paciente, por vários anos. Muitos avanços também têm ocorrido por meio do conhecimento científico e de campanhas de conscientização nos locais de trabalho.

Mas, também existem doenças em que os avanços têm sido menores, aquelas tidas como incapacitantes. Apenas para citar dois exemplos, a depressão e o distúrbio bipolar geralmente são mantidos em segredo e obrigam muitas das suas vítimas a sofrerem sozinhas por longos períodos.

Em pacientes com a doença de Parkinson, é possível observar a enorme discriminação que ocorre no meio profissional. Se a depressão, algumas vezes pode ser mascarada como tristeza, certas manifestações do Parkinson, como os tremores e os movimentos involuntários, deixam bem claro a existência de um problema.

O Parkinson vai, com o tempo, impor uma série de limitações aos pacientes. No entanto, com tratamento adequado, os sintomas mais incapacitantes podem ser controlados. O que muitos reclamam é que gostariam que os sintomas não fossem notados. A verdade é que o mercado de trabalho precisa se atualizar e entender que, dependendo do tipo de emprego,  uma pessoa com Parkinson, mesmo manifestando os sintomas pode ainda fazer suas atividades no trabalho sem comprometimento.

Atualmente é possível observar inúmeros parkinsonianos que trabalham sem maiores dificuldades, mas também outros que apresentam alguma limitação principalmente para se movimentar e procuram saídas para estas condições. Um exemplo foi o Papa João Paulo II, que seguiu com suas funções por quase 15 anos, após o diagnóstico e, com o tempo, sentiu dificuldades, principalmente em relação à locomoção.

Outro exemplo é o ator Michael J. Fox, parkinsoniano desde os 29 anos, seguiu como ator em atuações e decidiu colocar suas intenções em outras áreas e, assim, tomou a frente da maior entidade sem fins lucrativos do mundo para financiamento de pesquisa para a doença de Parkinson.

No Brasil, o ator Paulo José sofre com a doença Parkinson desde 1993 e nunca parou de atuar. O ator dirigiu dezenas de peças e comerciais de TV, participou de vários filmes e programas de televisão, sempre adequando sua atuação às flutuações motoras (momentos de melhora e piora dos sintomas).

A qualificação profissional pode reduzir as dificuldades impostas pela doença. Com isso, muitas pessoas também procuram novas funções, diferentes regimes de trabalho e jornadas mais curtas para se adaptarem às necessidades do tratamento com medicamentos e reabilitacional necessários para manter a funcionalidade.

Por outro lado, também existem alguns casos em que a limitação imposta pela doença de Parkinson não consegue ser administrada totalmente pelos tratamentos e as pessoas são obrigadas a deixar de exercer suas funções plenamente.

Vale ressaltar que existem diferentes graus ou estágios da doença e as limitações são crescentes quando ela avança. Quanto mais avançada está a doença, maior é a necessidade de acompanhamento médico e de profissionais da saúde e, também, maior a tendência à perda da funcionalidade.

De modo geral, pacientes mais idosos tendem a ter maiores perdas, pois a doença avança com o tempo, porém isto não é uma regra. O tempo de doença pode contar ainda mais do que a idade cronológica em si, ou seja, pode haver pessoas mais jovens com incapacidades maiores do que pessoas mais idosas com uma doença mais branda. Os casos devem mesmo ser avaliados de maneira individual.

Por essa razão, a informação sobre a doença de Parkinson deve ser difundida para todos e chegar até os empregadores que, quando bem informados, devem compreender a doença e seus estágios antes de decidir se o funcionário está apto ao trabalho, pois vale lembrar que o simples diagnóstico não é sinônimo de incapacidade.

Algumas modificações na rotina e  na função ou até a implementação de jornadas de trabalho mais flexíveis podem possibilitar que os pacientes continuem com suas funções cotidianas e, portanto, uma vida produtiva. Se manter sempre ativo é um dos fatores-chave para desacelerar a progressão da doença. Se manter ativo física e mentalmente mesmo se não estiver em suas plenas funções profissionais e não perder as rédeas de sua própria vida é fundamental é uma orientação unânime dos especialistas em todo o mundo.

Apesar de ainda não se ter uma cura para o Parkinson, é inegável que há avanços no conhecimento sobre a doença e, consequentemente, diversos tratamentos que têm sido desenvolvidos. Hoje em dia, além de várias medicações disponíveis, existe um número considerável de terapias complementares, como fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e até mesmo reabilitação cognitiva, que são indispensáveis para controlar os sintomas e garantir a independência do paciente por mais tempo.

Além disso, há também a possibilidade de fazer a cirurgia de estimulação cerebral profunda, a chamada Cirurgia de Parkinson, que é uma técnica, cada vez mais moderna, efetiva e segura, colaborando para o alívio dos tremores, movimentos involuntários, rigidez e até sintomas de depressão e ansiedade relacionados à doença.

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