A relação de Parkinson com Melanoma

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O melanoma é uma forma comum de câncer de pele e pode estar ligado à doença de Parkinson. Um estudo publicado na Mayo Clinic Proceedings (EUA) confirmou que a doença de Parkinson pode, aumentar o risco de melanoma. Os pesquisadores também mostram que o elo é uma relação de mão dupla, com o melanoma também suspeito de aumentar o risco de Parkinson.

A doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa que, atualmente, afeta cerca de 200 mil pessoas no Brasil. À primeira vista, parece um tipo de doença totalmente afastada do câncer . No entanto, o melanoma, um tipo de câncer de pele com mais de 85 mil novos diagnósticos no Brasil, parece estar entrelaçado com a condição.

Estudos realizados apontam a relação entre as doenças

Estudos realizados nas últimas décadas demonstraram claramente interação entre o Parkinson e o melanoma. Por exemplo, um estudo publicado no JAMA Neurology em 2010 concluiu que “a prevalência de melanoma parece ser maior em pacientes com DP do que na população geral. […] o estudo apóia o aumento da triagem de melanoma em pacientes com DP “.

Da mesma forma, um artigo publicado na Translational Neurodegeneration em 2015 chegou a uma conclusão semelhante, afirmando que “uma associação entre a DP e o melanoma foi confirmada. A maioria das evidências foi de alta qualidade e a conclusão foi ampla”.

Embora o link pareça claro, tem ocorrido muitos debates sobre as razões dessa relação. Alguns pesquisadores teorizaram que a levodopa, usada com frequência em pacientes de Parkinson, pode ser a razão para o aumento da incidência de melanoma em pessoas com a condição neurodegenerativa.

De fato, a primeira pesquisa a apontar a levodopa como possível causa foi um artigo chamado “Múltiplos melanomas primários após a administração de levodopa”, publicado na revista Archives of Pathology em junho de 1972.

Recentemente, pesquisadores da Mayo Clinic (EUA) começaram a investigar a relação entre a doença de Parkinson e o melanoma mais detalhadamente. Em primeiro lugar, eles queriam entender se a levodopa era, de fato, o fator principal. Eles também queriam descobrir se a interação poderia ocorrer em ambos sentidos.

A equipe utilizou o banco de dados de registros médicos do Rochester Epidemiology Project para coletar todos os casos de doença de Parkinson confirmados por neurologistas no condado de Olmsted, MN, de janeiro de 1976 a dezembro de 2013. Nesses 974 indivíduos, eles verificaram a prevalência de melanoma e compararam com um grupo controle de 2.922 pessoas sem Parkinson.

Em seguida, a equipe identificou 1.544 casos de melanoma no mesmo período de tempo para determinar o risco de 35 anos dos pacientes desenvolverem Parkinson, e eles compararam isso com 1.544 pessoas sem melanoma.

A análise apresentou que os indivíduos com doença de Parkinson eram quatro vezes mais propensos a ter melanoma. Além disso, as pessoas com melanoma tinham quatro vezes mais risco de desenvolver Parkinson.

O estudo não só reafirma as ligações entre as condições, mas também argumenta contra a causa da levodopa, como fazem alguns dos outros estudos mais recentes para investigar este fenômeno.

No entanto, além de apontar o medicamento de Parkinson como causa, as razões por trás dessa relação não são mais claras. Os estudiosos acreditam que as causas poderiam incluir irregularidades genéticas, ambientais ou do sistema imunológico compartilhadas. No entanto, são necessárias mais pesquisas.

Um dos responsáveis pelo estudo, Dr. Lauren Dalvin, Mayo Foundation diz que uma futura pesquisa deve se concentrar na identificação de genes comuns, respostas imunes e exposições ambientais que podem ligar estas duas doenças.

Ainda de acordo com o especialista se for possível identificar a causa da associação entre a doença de Parkinson e o melanoma, especialistas poderão aconselhar melhor seus pacientes e as famílias sobre o risco de desenvolver uma doença no contexto da outra.

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