Estimulação Cerebral Profunda para a Doença de Parkinson – As 7 dúvidas mais comuns sobre este tratamento.

Tempo de leitura: 7 minutos

A cirurgia de estimulação cerebral profunda (ECP), ou Deep Brain Stimulation (DBS) em inglês, foi aprovada pela primeira vez em 1997 para tratar o tremor da Doença de Parkinson e, em 2002, para o tratamento dos sintomas avançados de Parkinson. Mais recentemente, em 2016, a cirurgia que reduz os principais sintomas do Parkinson também foi aprovada para os estágios iniciais da doença.

A Estimulação Cerebral Profunda é certamente o avanço terapêutico mais importante desde o desenvolvimento da levodopa. É mais eficaz para pessoas que experimentam tremores incapacitantes, crises de desgaste e discinesias induzidas por medicação, com estudos mostrando benefícios que duram pelo menos cinco anos. 

Também chamada de Cirurgia do Parkinson, este assunto acaba sempre despertando muitas dúvidas entre os pacientes e seus familiares. Reunimos as 7 dúvidas mais comuns sobre este tratamento e vamos responder, uma a uma, para você neste texto. 

1.O que é  Estimulação Cerebral Profunda?

Estimulação Cerebral Profunda é um procedimento cirúrgico capaz de reduzir os sintomas motores mais incapacitantes da Doença de Parkinson como o tremor, a rigidez e os movimentos lentos.  

O nome da terapia vem do inglês Deep Brain Stimulation (DBS). Estimulação Cerebral Profunda, ou comumente conhecida como Cirurgia do Parkinson, quando usada em conjunto com algumas medicações pode ser considerada uma alternativa:

  • Efetiva: uma vez que alivia os sintomas de forma rápida e eficaz.
  • Ajustável: apesar de ser uma cirurgia a estimulação pode ser ligada e desligada, conforme a evolução da doença em cada paciente. 
  • Reversível: pois os eletrodos podem ser desligados e até mesmo retirados. 

2. Como a Cirurgia de Parkinson é realizada?

Nesta cirurgia, são implantados eletrodos em áreas profundas do cérebro, que serão estimuladas por um gerador de pulsos colocado sob a pele na região da clavícula do paciente. 

Dessa forma, os impulsos elétricos são enviados do gerador até o cérebro, modulando a atividade de estruturas nervosas responsáveis pelos sintomas do Parkinson. A localização da área do cérebro onde os eletrodos serão implantados é definida por um sistema de coordenadas tridimensionais, que possibilita uma precisão milimétrica.

O médico neurologista, por meio do controle remoto, realiza os ajustes dos parâmetros da corrente elétrica, regulado por radiofrequência. O próprio paciente também consegue fazer alguns ajustes, mínimos, dentro de um padrão estabelecido pelo médico.

3. Para quais paciente a Estimulação Cerebral Profunda é indicada?

Para realizar esse tipo de cirurgia, antes de mais nada, é fundamental reconhecer o tipo de paciente que será beneficiado pela nova técnica. Geralmente, o paciente com melhores chances de resposta ao tratamento deve apresentar a forma motora típica de Parkinson, não possuir sintomas não motores pronunciados, como: demência, depressão, sintomas psicóticos e nem ter condições clínicas descompensadas.

Além disso, pacientes com doença em estágio muito avançada e com grau de comprometimento cognitivo significativo não são candidatos à cirurgia. Nesses casos, essa terapia é pouco efetiva devido ao comprometimento de vários sistemas do cérebro.

4. Como o paciente é avaliado para saber se é um bom candidato à cirurgia?

O paciente deve passar por uma série de avaliações para averiguar qual será o benefício da cirurgia no seu caso. Veja quais são:

  • Avaliação com teste de levodopa

Nessa avaliação, o paciente fica algumas horas sem a medicação e o diagnóstico de Parkinson é analisado. O neurologista realiza avaliação do histórico e pontua os sintomas motores. Após isso, o paciente recebe uma dose de levodopa e aguarda o efeito, que geralmente se observa no cotidiano. Sob o efeito da medicação, os sintomas são avaliados novamente. Este processo indica como o paciente responde à medicação e como os sintomas são controlados.

  • Avaliação cognitiva e de sintomas neuropsiquiátricos

Já com o paciente medicado, a neuropsicóloga realiza a avaliação de vários pontos da cognição e testa atenção, memória, visualização do espaço, cálculos simples, impulsividade, praxia (memória e desenvoltura em atos simples), raciocínio e flexibilidade mental. Além disso, são pesquisados sintomas de alteração do humor, como ansiedade e depressão, mudanças no sono e efeitos colaterais da medicação. 

  • Ressonância magnética e consulta com neurocirurgião

O paciente é submetido a uma ressonância magnética para descartar alterações anatômicas. A imagem é analisada pelo neurocirurgião e utilizada no momento da programação computadorizada da cirurgia. O neurocirurgião também avalia os testes citados acima, como a resposta a levodopa e a avaliação neuropsicológica e neuropsiquiátrica. Todo este processo é indispensável para indicar, contraindicar ou solucionar eventuais situações que possam temporariamente contraindicar a cirurgia.

5. Quais os benefícios desse tipo de cirurgia?

A terapia de Estimulação Cerebral Profunda libera os movimentos e restaura o padrão de motricidade normal em um paciente que tipicamente tem sua cognição preservada, é socialmente ativo, tem a memória e concentração, mas não consegue se locomover. Outros benefícios apresentados após a cirurgia costumam ser:

  • Melhora na qualidade de vida dos pacientes com Parkinson;
  • Minimiza o impacto dos sintomas da doença;
  • Diminui a medicação na maioria dos casos;
  • Aumenta o tempo do efeito dos medicamentos na maioria dos casos;
  • Melhora os principais sintomas motores, como tremores, rigidez e o excesso de movimentos involuntários (discinesias).

6. Quais os principais riscos da cirurgia?

Na Estimulação Cerebral Profunda há dois riscos que merecem atenção. O primeiro é de infecção, no entanto, este risco está presente em qualquer cirurgia. Atualmente ele é pequeno, abaixo de 2% em hospitais de excelência. Na maioria dos casos, é resolvida com o uso de antibióticos e, quando necessário, com a remoção do sistema. 

O outro risco, ainda menor que o de infecção , é de um sangramento cerebral. Geralmente, ele é assintomático, detectado apenas nos exames pós-operatórios. Mas, graças às técnicas cada dia mais modernas usadas no procedimento, este risco é pequeno, em torno de 1%.

A estimulação também pode causar alguns efeitos como contrações musculares, formigamento e dormência, no entanto eles são transitórios, uma vez que os parâmetros de estímulo podem ser ajustados para minimizar os efeitos colaterais e atingir o controle máximo dos sintomas. 

7. A Estimulação Cerebral Profunda cura a Doença de Parkinson?

Esta é uma pergunta comum de todos os pacientes, porém a cura não acontece após a cirurgia de estimulação cerebral profunda. É importante ressaltar que a doença também não pára de progredir. A cirurgia age principalmente no alívio dos sintomas, reduzindo-os de forma considerável.

Acima de tudo é importante que o paciente conheça e se informe o máximo possível sobre a cirurgia de Parkinson. A cirurgia é reversível a qualquer momento, porém só o neurologista é capaz de dizer se você tem o perfil para fazer este tratamento.

Conclusão

Depois de ler as respostas para cada uma destas dúvidas você pode concluir que estamos falando de um tratamento capaz de controlar os sintomas motores e oferecer ao paciente com Parkinson mais autonomia e independência, além de uma melhor qualidade de vida em todos os sentidos. A melhora dos sintomas é rápida o que faz com que o paciente volte a experimentar uma sensação de bem-estar e normalidade. 

Os comentários foram encerrados, mas trackbacks e pingbacks estão abertos.