Relação entre Parkinson e Alzheimer

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Doenças neurodegenerativas, progressivas e sem cura. Alzheimer e Parkinson possuem semelhanças que fazem com que as pessoas associem uma doença a outra, ou muitas vezes até confundindo uma com a outra. As duas doenças atingem pessoas idosas com mais frequência, afetam o sistema nervoso central e possuem sintomas que evoluem tornando cada vez mais difíceis de serem controlados. Porém, estamos falando de doenças totalmente diferentes. 

A doença de Alzheimer é uma forma progressiva de demência. A demência é um termo mais amplo para as condições causadas por lesões cerebrais ou doenças que afetam negativamente a memória, o pensamento e o comportamento. Essas mudanças interferem na vida diária.



Hoje a doença de Alzheimer é responsável por 60 a 80% dos casos de demência no mundo. A maioria das pessoas com a doença obtém um diagnóstico após os 65 anos. Se for diagnosticada antes disso, é geralmente referida como doença de Alzheimer de início precoce.



Não há cura para a doença de Alzheimer, mas também existem tratamentos que podem retardar a progressão da doença. As doenças neurodegenerativas são basicamente causadas pela morte de células no cérebro. Na doença de Alzheimer, essa destruição destrói principalmente a memória. Na doença de Parkinson afeta principalmente o movimento.

 

Apesar dessas diferenças e semelhanças efetivas, pesquisas mostram que pode, realmente, existir um fio comum entre estas doenças. Vamos entender mais sobre o assunto?

 

Número de pacientes no mundo


O Alzheimer é mais comum que o Parkinson. As estimativas são de que 5 a 6 milhões de pessoas no mundo tenham Parkinson, para 43 milhões de pessoas no mundo afetadas pelo Alzheimer.


Mudanças no cérebro

 

As mudanças e a forma como a doença age no cérebro também são diferentes. No Parkinson a área da substância negra que é a mais afetada, diminuindo a produção de dopamina, um neurotransmissor que tem a função de controlar os movimentos, o sono e o humor das pessoas. Já a doença de Alzheimer é desenvolvida primeiramente em uma região chamada de hipocampo, uma área do cérebro que fica responsável pela a memória e as emoções.



Humor das pessoas


Em relação à alteração do humor, depressão e ansiedade são comuns nos pacientes com Parkinson ou Alzheimer, porém as pessoas que estão com DP podem sofrer alteração de humor mais facilmente com o tratamento. Distúrbios do sono são comuns nas duas doenças.


Problemas cognitivos



Quando se trata desse problema a doença de Alzheimer se desenvolve através degeneração cognitiva gradual. Geralmente os problemas de memória são os sintomas da Alzheimer. No entanto, o declínio cognitivo também é comum nas pessoas que sofrem com Parkinson.



Movimentos dos pacientes



Em relação aos movimentos, a doença de Parkinson causa tremores que se iniciam na mão ou no braço e pioram quando o paciente está em repouso, além da lentidão dos movimentos e rigidez muscular. Já nos pacientes que sofrem com a doença de Alzheimer, a dificuldade dos movimentos começa a se desenvolver quando a doença está avançada.

 

Novas descobertas


Nas duas doenças, as últimas pesquisas sugeriram que proteínas anormalmente dobradas formam aglomerados dentro das células cerebrais. São proteínas diferentes para cada tipo de doença, mas que se comportam da mesma maneira quando entram nas células cerebrais.



Pesquisadores da Universidade de Loyola, em Chicago, concluíram em um estudo que essas proteínas invadem vesículas, que são pequenos compartimentos que estão envoltos em membranas. As proteínas danificam essas membranas, permitindo que elas invadam o citoplasma das células cerebrais e causem ainda mais destruição.

 

Os pesquisadores disseram que as células danificadas tentam juntar as vesículas e os aglomerados de proteínas para destruí-los. No entanto, as proteínas são resistentes à degradação.

 

O que os pesquisadores deixam claro é que, apesar das diferenças entre as doenças, a forma como essas proteínas se comportam e a forma como destroem as células podem ser um padrão. Uma possível terapia envolveria aumentar a capacidade das células cerebrais de degradar um grupo de proteínas e danificar as vesículas. Se isso funcionar para uma doença, é possível que funcione para a outra também.

 

Para terminar, assista a este vídeo em que a neurocientista britânica Susan Greenfield fala sobre suas pesquisas, sobre as doenças de Parkinson e Alzheimer e a semelhança entre as duas doenças.

 

Seu trabalho como pesquisadora na Universidade de Oxford e como neurocientista e co fundadora na Neuro-Bio (empresa de biotecnologia voltada ao tratamento de doenças degenerativas) explora novos mecanismos neuronais do cérebro, característicos das regiões afetadas por ambas as doenças.

 

 

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