Efeitos da Doença de Parkinson na Sexualidade

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Quando se trata da Doença de Parkinson, a diminuição da função sexual é praticamente inevitável. Da falta de desejo sexual à baixa libido até dificuldades com o funcionamento orgástico, essa doença neurológica crônica e progressiva pode prejudicar a sexualidade de uma maneira ou de outra.

No entanto, isso não quer dizer que aqueles que sofrem com a doença de Parkinson não possam continuar suas vidas sexuais quando enfrentam tais desafios. Pacientes de Parkinson podem e devem manter ou recuperar sua vida sexual. Veja a seguir quais os efeitos do Parkinson na sexulidade e como lidar com essa questão da melhor forma possível.

Questões físicas e desejo sexual

O Parkinson afeta o sistema nervoso autônomo, que controla a resposta e o funcionamento sexual. A doença atua sobre os neurônios, fazendo com que as células nervosas produtoras de dopamina morram. Como a dopamina é uma substância química que transmite sinais entre partes do cérebro que normalmente coordenam o movimento do músculo liso, isso é crítico para a função sexual.

Primeiramente, essa queda de dopamina pode resultar em uma diminuição do desejo e interesse sexual. Além disso, os níveis mais baixos de dopamina resultam na perda de equilíbrio, mudanças no padrão e na postura da marcha, rigidez muscular, bradicinesia (diminuição do movimento e atividade espontânea) e tremores ao descansar. Veja alguns outros efeitos do Parkinson:

  • Coordenação sexual prejudicada: movimentos lentos, tremores musculares e rigidez podem interferir nas habilidades sexuais do paciente. A dor física, que pode acompanhar a condição, também pode tornar o sexo doloroso ou desconfortável. Muitas vezes fatigada e incapaz de controlar os movimentos do corpo, o parkinsoniano pode encontrar seu nível de prazer diminuído, uma vez que são forçados a ser mais passivos.
  • Disfunção Erétil: como a Doença de Parkinson afeta o sistema nervoso central, os homens podem se ver incapazes de atingir ou manter uma ereção. Problemas com a circulação sanguínea para o pênis e os músculos pélvicos podem colaborar ainda mais para a disfunção erétil.
  • Falta de lubrificação vaginal: já as mulheres com Doença de Parkinson apresentar falta de lubrificação vaginal, cujo resultado é sexo doloroso, com infecções da bexiga bastante comuns.
  • Falta de clímax: entre sensação e funcionamento sexual reduzidos, ambos os sexos podem não ser capazes de atingir o orgasmo, mesmo quando sexualmente ativos.
  • Hipersexualidade: embora ocorra com  menos de 1% dos pacientes de Parkinson, a pessoa pode desenvolver um desejo sexual compulsivo devido às medicações antiparkinsonianas (levodopa combinado com um agonista da dopamina).

Questões psicológicas: depressão

A Doença de Parkinson pode causar alterações nas substâncias químicas do cérebro que afetam o humor e o bem-estar. Por esse motivo, a depressão pode afetar até 40% dos pacientes de Parkinson. 

Isto é fator importante de ser levado em consideração uma vez que os distúrbios sexuais podem ocorrer devido à depressão, que pode vir com o diagnóstico de Parkinson mais do que pela própria doença em si. Os medicamentos antidepressivos que podem ser administrados também podem resultar em disfunção sexual.

Outras questões emocionais para quem tem Parkinson, que podem resultar em dificuldades sexuais, incluem: raiva, estresse, tristeza, fadiga mental e redução da auto-estima, o que acaba inibindo a sexualidade. 

O parceiro de uma pessoa com Parkinson também pode ter problemas para lidar com a situação:

  • Fadiga e ressentimento em assumir mais responsabilidade;
  • Lidar com seus próprios sentimentos relacionados ao diagnóstico do parceiro, como medo, ansiedade e depressão;
  • Perda de atração e interesse sexual devido aos sintomas da DP, por exemplo, movimentos involuntários ou mudanças na aparência, como a falta de expressão facial, por exemplo.

Resolvendo essas questões

As complicações sexuais que podem surgir com o Parkinson podem dificultar bastante o relacionamento entre o casal. Por isso, é importante que, tanto a pessoa com Parkinson quanto seu parceiro (a), busquem orientação e apoio na redução das consequências sexuais que podem surgir. Algumas estratégias primárias incluem:

  • Discuta seus medicamentos: embora muitos dos sintomas da Doença de Parkinson possam ser tratados com medicação, esses podem diminuir o desejo sexual e a libido. Então, é necessário conversar com o médico sobre os efeitos colaterais do tratamento. Apenas o médico poderá ajudar a decidir o melhor curso de ação e sugerir medicamentos que possam aliviar qualquer problema sexual.
  • Se comunique: muitos problemas sexuais surgem de parceiros evitando a discussão de suas preocupações e medos. O casal precisa conversar sobre o que está acontecendo no processo do diagnóstico, os sintomas e como isso está afetando sua intimidade sexual. Se necessário, podem até mesmo procurar ajuda de um psicólogo para facilitar a comunicação.
  • Assuma o cansaço: com os sintomas de Parkinson tipicamente menos pronunciados pela manhã, procure ter relações sexuais no início do dia. Exercitar-se regularmente também pode reduzir a fadiga, melhorando a resistência e a boa forma. Mas, antes de mais nada, é importante consultar um médico para pedir indicações de exercícios físicos possíveis.
  • Crie experiência: o casal deve estar dispostos a adaptar seus padrões, atitudes e hábitos sexuais, para não enfrentar mais problemas. Isso pode envolver o uso de lubrificantes artificiais, tentativas de diferentes formas de estimulação e a exploração de novas posições. O Parkinson pode proporcionar uma oportunidade de redefinir a intimidade sexual, em muitos aspectos.

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