Estimulação Cerebral Profunda para Doença de Parkinson

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Estimulação cerebral profunda ou DBS (Deep Brain Stimulation) é um dos tratamentos mais eficazes hoje em dia para aliviar os sintomas neurológicos associados à doença de Parkinson, tais como:

  • tremor
  • rigidez
  • movimento lento
  • movimentos induzidos pela medicação (discinesias)


Este método não irá curar a doença de Parkinson ou outras condições neurológicas. Mas estamos falando de um tratamento capaz de controlar os sintomas motores e oferecer ao paciente com Parkinson mais autonomia e independência, além de uma melhor qualidade de vida em todos os sentidos. A melhora dos sintomas é rápida o que faz com que o paciente volte a experimentar uma sensação de bem-estar e normalidade.



Como funciona a estimulação cerebral profunda?

 

Esse método cirúrgico consiste na colocação de eletrodos em regiões profundas do cérebro. É mais indicado para casos em que não se obtêm os resultados esperados com medicações. O grande sucesso do tratamento de estimulação cerebral profunda para Doença de Parkinson se dá devido a uma nova abordagem clínica e neurocientífica, em que o neurologista e o neurocirurgião trabalham juntos com funções específicas e dividindo responsabilidades pré, durante e pós operatórias.


O método é composto de três partes:

  1. Um gerador de pulsos alimentado por bateria, chamado neuroestimulador, é implantado no peito do paciente.
  2. Eletrodos são implantados em centros de movimento específicos do cérebro do paciente.
  3. São conectados fios isolados, chamados condutores, que servem para transportar impulsos elétricos do gerador para os eletrodos.


Além da doença de Parkinson, este método é frequentemente usado para tratar tremor essencial e distonia. Em alguns casos, ele também tem sido usado para tratar outras condições neurológicas ou psiquiátricas, como esclerose múltipla, doença de Alzheimer, dor intratável e depressão grave persistente.


Como a Estimulação Cerebral Profunda trata o Parkinson?


A doença de Parkinson causa sinais elétricos irregulares em partes do cérebro que controlam o movimento. A estimulação cerebral profunda usa a estimulação elétrica para modular esses centros de controle profundamente à superfície do cérebro, melhorando a comunicação entre as células cerebrais.

E possui diversos benefícios como:

 

– melhora a qualidade de vida reduzindo limitações físicas;
– alto grau de controle terapêutico sem danificar o sistema nervoso;
– caso o paciente tome algum medicamento, não é preciso fazer a interrupção;
– técnica personalizada de acordo com a necessidade do paciente;
– pode ser associada à outras técnicas para otimizar os resultados;
– o procedimento pode ser interrompido a qualquer momento caso haja algum tipo de efeito colateral;
– diminui em até 80% os distúrbios de atividade motora.


Trata-se do procedimento cirúrgico mais comumente realizado para os sintomas da doença de Parkinson.


Para quem é indicado?


A estimulação cerebral profunda não é a primeira alternativa de tratamento. É destinado a pessoas cujos sintomas ainda são incontroláveis, mesmo com medicação.


Quem pode se beneficiar deste tratamento?
  • Quem teve os sintomas da Doença de Parkinson por pelo menos cinco anos.
  • Quem teve resposta da medicação aos sintomas, mas o efeito não foi duradouro.
  • Quem já tentou diversas doses e combinações diferentes de medicamentos.
  • Quem tem sua rotina alterada ou prejudicada pelos sintomas.

 

Quem não tem o perfil do tratamento?

 

  • Quem não obteve nenhum tipo de resposta com os medicamentos.
  • Quem tem problemas de memória, ansiedade ou depressão que não estabilizaram com o tratamento medicamentoso.
  • Quem já possui demência.
  • Quem tem alto risco de complicações cirúrgicas.

 

Como é a Cirurgia?


Durante a implantação dos eletrodos o paciente estará acordado para poder responder a perguntas e mover áreas específicas do seu corpo quando solicitado. Isso, junto com os exames de imagem, ajuda a identificar as áreas do cérebro onde os sintomas se originam. É ali que os eletrodos serão colocados.

Eletrodos podem ser implantados em um ou ambos os lados do cérebro. O neuroestimulador será implantado sob a pele perto da clavícula ou abaixo do peito. Os fios passam por baixo da pele da cabeça aos ombros, conectando os eletrodos ao neuroestimulador.

Após a cirurgia, o paciente é monitorado para complicações e passa pelo menos 24 horas no hospital ou mais dependendo de sua recuperação.

 

Que tipo de resultados esperar?

 

Algumas semanas após a cirurgia, um especialista irá programar as configurações da estimulação para os sintomas da pessoa. É importante dizer que a cirurgia não elimina os sintomas, mas mais de 70% das pessoas com Parkinson experimentam uma melhora significativa.

O paciente provavelmente será capaz de reduzir a medicação. As configurações da estimulação podem ser ajustadas sem cirurgia. Pode levar alguns meses para encontrar a melhor combinação de medicamentos e configurações da estimulação.

A vida depois da Estimulação Cerebral Profunda

 

O neuroestimulador funciona com baterias que duram de três a cinco anos. Elas podem ser substituídas em um procedimento ambulatorial.

Seu médico lhe fornecerá instruções específicas, como:

Identificação : Leve seu cartão de identificação que diz que você fez a cirurgia e possui um neuroestimulador com você e considere comprar um bracelete de identificação médica.


No aeroporto : o seu neuroestimulador contém um ímã e metal, que podem disparar os scanners do aeroporto. Varinhas de detector portáteis podem afetar o funcionamento e a programação do seu neuroestimulador e não devem ser seguradas por mais de alguns segundos. Certifique-se de informar os examinadores sobre o implante e apresente seu cartão de identificação.


Procedimentos médicos : Sempre informe médicos, técnicos em medicina e cirurgiões sobre seus implantes. Você pode não conseguir fazer certos testes, como uma ressonância magnética. Se for fazer fisioterapia, evite o uso de calor nos músculos.


Proteja o seu peito : Consulte o seu médico se você bater ou dar um golpe no peito perto do dispositivo, o que pode afetar o seu funcionamento.


Ímã de desativação : Seu médico lhe dará um ímã para que você possa desligar o dispositivo e ligá-lo sob certas condições.  Outros dispositivos de triagem e detectores de roubo em lojas e outros locais públicos podem fazer com que seu neuroestimulador seja desligado ou ligado. Isso pode causar uma sensação leve e desconfortável. Mostre seu cartão de identificação e peça ajuda para ignorar esses dispositivos, se possível.

 

É seguro usar telefones celulares, eletrodomésticos e computadores, pois eles não causam interferência.

Resumindo:


O que é a estimulação cerebral profunda?


É um tratamento que através da microestimulação elétrica contínua em regiões profundas e estratégicas do cérebro por anos melhora os sintomas de quem possui a Doença de Parkinson.


Como é feita a estimulação cerebral profunda?


O procedimento é dividido em 3 partes que são: implante dos eletrodos, implante do neuroestimulador no peito do paciente e conexão dos fios metálicos que levaram estes estímulos aos eletrodos, tudo por debaixo da pele. Quando estes sistema é acionado ele estimula os neurônios e alivia os principais sintomas do Parkinson como tremores, movimentos involuntários e a rigidez.  

 

Como é feita a Cirurgia de Parkinson?

 

O paciente fica acordado durante todo tempo da cirurgia, e as três etapas são feitas de uma só vez. O tempo de recuperação é de 24 horas ou mais dependendo do paciente.



Quem pode fazer a Cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda?

 

É indicado para os pacientes que já apresentam os sintomas de Parkinson e fazem o tratamento com a medicação, porém já observam que os efeitos são menos duradouros, ou para aqueles que já estão fazendo uso de medicações em combinações diversas e não estão mais tendo resultados ou estão ficando intolerantes à medicação. Neste momento o paciente tende a responder melhor à estimulação cerebral profunda e a cirurgia é indicada. Outros casos devem ser avaliados pelo médico.

Quais são os benefícios da estimulação cerebral profunda?

Os sintomas motores como tremor, rigidez, movimentos involuntários e lentidão dos movimentos apresentam uma grande melhora. A estimulação cerebral também pode melhorar alguns sintomas não motores e ampliar o efeito das medicações. Os pacientes geralmente retomam a sua rotina e conseguem ter mais qualidade de vida.

 

A cirurgia de estimulação cerebral profunda cura a doença de Parkinson?


Esta é uma pergunta comum de todos os pacientes, porém a cura não acontece após a cirurgia de estimulação cerebral profunda. É importante ressaltar que a doença também não pára de progredir. A cirurgia age principalmente no alívio dos sintomas, reduzindo-os de forma considerável.


Acima de tudo é importante que o paciente conheça e se informe o máximo possível sobre a cirurgia de Parkinson. A cirurgia é reversível a qualquer momento, porém só o neurologista é capaz de dizer se você tem o perfil para fazer este tratamento.

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