Doença de Parkinson: como proteínas tóxicas danificam células cerebrais saudáveis?

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Um estudo realizado por pesquisadores do Reino Unido, Espanha e Itália e publicado na revista Science, descreve o que acontece quando as proteínas entram em contato com as células. Os cientistas esperam que os resultados desse estudo levem a melhores medicamentos para a doença de Parkinson, impedindo que proteínas tóxicas entrem em células cerebrais saudáveis.

Neste mesmo estudo, os pesquisadores também descobriram que o Parkinson afeta células cerebrais não dopaminérgicas, o que pode explicar por que a doença geralmente apresenta sintomas que não estão relacionados ao movimento, como ansiedade , depressão , fadiga e perturbações do sono.

Oligômeros danificam a integridade da membrana celular

No estudo, os pesquisadores observaram o que ocorre quando uma proteína chamada alfa-sinucleína falha e se transforma em grupos chamados oligômeros, que são tóxicos para as células cerebrais.

Para isso, os cientistas usaram espectroscopia de ressonância magnética nuclear de estado sólido para observar diferentes características estruturais dos oligômeros e, em seguida, examinaram como as características influenciavam sua interação com as células. Eles usaram células cerebrais de ratos, bem como células cerebrais coletadas de tumores cerebrais humanos.

O estudo é significativo porque a equipe encontrou uma maneira de manter os oligômeros normalmente instáveis ​​estáveis ​​por tempo suficiente para observar um nível de detalhe que não havia sido observado antes. Uma vez formados, os oligômeros entram rapidamente nas células, se dissolvem ou se transformam em fibras longas.

Ao manter os oligômeros estáveis, os pesquisadores foram capazes de identificar duas características essenciais para sua toxicidade: uma que lhes permite aderir à parede celular e outra que permite penetrar na membrana e interromper a função celular.

Um dos autores do estudo, Dr. Alfonso De Simone, do Departamento de Ciências da Vida do Imperial College de Londres, explica que: “É como se você colocasse um pedaço de metal extremamente quente em uma superfície plástica, em um espaço de tempo bastante curto, ele fará um buraco no plástico.” O pesquisador sugere que a capacidade do oligômero de “danificar a integridade da membrana celular” é uma etapa crucial no processo que acaba matando a célula cerebral.

Semelhanças e diferenças com vírus

Em outros experimentos, a equipe de pesquisadores encontrou uma maneira de reduzir a toxicidade de oligômeros. Os cientistas descobriram que alterar sua sequência de proteínas tornava o oligômero menos capaz de aderir à membrana celular.

Então, eles compararam o comportamento dos oligômeros e sua propensão a aderir às paredes das células cerebrais como semelhantes à maneira como os vírus entram nas células. A diferença é que, um vírus adapta o maquinário celular para o seu próprio fim, já o oligômero apenas o interrompe.

O Dr. De Simone também sugere que os oligômeros são capazes de se ligarem às membranas celulares por causa de um “acidente da natureza” que lhes oferece os mesmos recursos que as proteínas normais da membrana que ajudam na sinalização do cérebro.

Segundo os estudiosos, obter essas informações não significa que agora possam fazer uma droga, mas, obviamente, se conseguirem entender por que esses aglomerados de proteínas se comportam dessa maneira, poderão fazer progressos científicos mais rápidos no tratamento da doença de Parkinson.

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