Como discutir abertamente o suicídio e a Doença de Parkinson

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De uma pessoa recém-diagnosticada que sente um grande pavor de seu futuro incerto a alguém perturbado com as mudanças que a doença está provocando em sua vida, é comum quem pacientes com Parkinson passem por algum tipo de desespero e pensem em suicídio.

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo®. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.

São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 01 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Pessoas com Parkinson correm um risco maior de suicídio . Quando questionados, até 30% das pessoas com DP já pensaram nisso. 

Por que suicídio?

“Não quero viver assim. Estou cansado de tudo isso.”

“Eu gostaria que um acidente acontecesse para que eu pudesse morrer.” 

“Quando meus sintomas se agravarem o suficiente, planejo me matar.”

Para alguns, o pensamento de suicídio pode parecer uma opção, uma sensação de controle no que parece ser a única saída. Eles podem sentir que estariam fazendo um favor a seus entes queridos. Indivíduos isolados podem sentir que ninguém realmente notaria se morressem, enquanto outros podem sentir que estão se poupando de uma baixa qualidade de vida.

O desconforto necessário de falar sobre suicídio

O suicídio nunca é a única opção. É também um assunto que não é reconhecido, pois muitos o acham desconfortável. É natural sentir medo quando um ente querido traz à tona o assunto, porém esse sentimento de desconforto pode levar ao silêncio, fazendo com que a pessoa com pensamentos suicidas se sinta sozinha, quando mais precisa de apoio.

E se ao você permitir o desenrolar de uma conversa desconfortável e incerta isso significasse que seu ente querido com DP possa se sentir menos sozinho? Se você for a pessoa que está pensando em suicídio, o que aconteceria se sentisse que poderia ter uma conversa franca e honesta com seu ente querido sobre seus pensamentos?

No mundo ideal, cada pessoa com Parkinson que está pensando em suicídio e cada membro da família ou amigo se sentiria confortável o suficiente para abordar abertamente seus pensamentos e medos. No entanto, a maioria das pessoas se sente despreparada ou não sabe como falar sobre isso.

Você não precisa fazer isso sozinho. Se você ou um ente querido está pensando em suicídio, existem diversas formas de apoio hoje em dia.

Conectar-se ao suporte apropriado para ajudar você ou um ente querido a ficar protegido do suicídio é essencial. Se houver, depressão ou outros problemas de saúde mental devem ser tratados por sua equipe de atendimento e podem envolver psicoterapia, medicamentos ou ambos.

Visualize um caminho

Estabelecer segurança contra o suicídio não significa necessariamente que os pensamentos suicidas pararam completamente. Os pensamentos e as intenções podem mudar de um dia para o outro, portanto, continue tendo conversas francas e acessando a ajuda de profissionais treinados conforme necessário.

Se você ou seu ente querido decidiram seguir em frente com um compromisso com a segurança, o que vem a seguir?

Encontre um especialista

Em alguns casos, um melhor controle dos sintomas do Parkinson pode aliviar o desespero. Faça parceria com um especialista em distúrbios do movimento em quem você confia. Um especialista em DP pode ajudá-lo a otimizar as opções de medicamentos e explorar as opções cirúrgicas , se recomendado. Buscar especialistas adicionais, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e assistentes sociais clínicos licenciados ou neuropsicólogos com treinamento em DP também pode ajudá-lo a controlar os sintomas. Converse com sua equipe de atendimento sobre depressão e pensamentos suicidas.

Experimente outras formas de apoio terapêutico: musicoterapia, dança / terapia do movimento, arte-terapia, massagem terapêutica ou acupuntura e outros medicamentos complementares . Envolver-se em aconselhamento, grupos de apoio para Parkinson, exercícios e programas de bem-estar também pode ajudá-lo a controlar seus sintomas de DP. Explore os cuidados paliativos como uma camada adicional de suporte.

Restabeleça sua identidade e significado

Nossa identidade, senso de individualidade e compreensão de nosso propósito ou razão de viver podem ser desafiados quando nos sentimos impotentes, desanimados ou em desespero. Pessoas em qualquer ponto ao longo da jornada da DP podem lutar contra esses desafios. Experimente estas abordagens:

  1. Procure um membro da família ou amigo, membro do grupo de apoio, conselheiro ou líder espiritual para obter apoio com questões existenciais.
  2. Procure maneiras de se reconectar com as partes de sua identidade que não estão ligadas ao seu diagnóstico e sintomas.
  3. Ajude ou oriente outras pessoas com DP. Ofereça-se para ligar para membros de sua aula de ginástica ou grupo de apoio. Utilize suas experiências para responder a perguntas postadas em fóruns online e ajude comentando nas redes sociais e compartilhando informações.
  4. Seja voluntário fora do círculo de quem tem Parkinson. Muitas organizações locais de serviço sênior ou agências de apoio ao luto procuram voluntários para ajudar nos programas de apoio por telefone.

Qualquer pessoa que pensou em suicídio tem sua própria razão para fazê-lo e sua própria jornada para encontrar esperança novamente. Se você já esteve lá, compartilhe o que te ajudou. 

Onde buscar ajuda?

  • CVV – Centro de valorização da vida -ligue para 188 (ligação gratuita), atendimento 24h por dia, 7 dias da semana para qualquer pessoa que esteja passando por esse sofrimento. 
  • Profissionais médicos e psicólogos;
  • Unidade Básica de Saúde do seu bairro;
  • Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de sua cidade ou região;

Em casos de emergência: 

  • Samu – 192.
  • UPA – Unidade e Pronto Atendimento de sua cidade ou região;
  • Hospital mais próximo de sua residência.

Referências:

  • Parkinson’s Foundation
  • Setembro Amarelo – setembroamarelo.com

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