Neuropatia Periférica e a Doença de Parkinson

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A Neuropatia periférica se caracteriza por ser uma condição em que os nervos periféricos, que são encontrados fora do cérebro e da medula espinhal, são danificados, provocando assim dormência, fraqueza e dor nas extremidades do corpo.

Diversas pesquisas e estudos já demonstraram que a incidência de neuropatia periférica é maior entre as pessoas com Doença de Parkinson do que na população em geral. 

Em pacientes que fazem uso da principal medicação para o tratamento do Parkinson: a levodopa, a neuropatia periférica é mais notável e também mais difícil de se controlar.

Como acontece?

Quando os nervos fora do cérebro e da medula espinhal, que são chamados nervos periféricos, são danificados eles provocam a neuropatia periférica. Esses danos geralmente causam fraqueza, dormência e dor, e na maioria dos casos isso acontece nas mãos e nos pés, mas também pode afetar outras áreas do corpo.

Existe uma troca de informações entre o sistema nervoso central do nosso corpo com o sistema nervoso periférico, e com a neuropatia essa comunicação é alterada.

Diversos fatos podem ocasionar a neuropatia periférica como: lesões traumáticas, infecções, problemas metabólicos, causas hereditárias e até exposição a toxinas. A causa mais comum costuma ser o diabetes.

Sinais e Sintomas

Pessoas com neuropatia periférica geralmente descrevem a dor como pontada, queimação ou formigamento. Em muitos casos, os sintomas melhoram, especialmente se causados ​​por uma condição tratável. Os medicamentos podem reduzir a dor da neuropatia periférica.

Antes de entender os sintomas, você precisa entender os tipos de nervos que compõem o sistema nervoso periférico. São eles:

  • Nervos sensoriais: são aqueles pelos quais percebemos reações como temperatura, vibração, toque da pele e dor.
  • Nervos Motores : que controlam os movimentos musculares.
  • Nervos autônomos: são os que controlam funções como pressão arterial, frequência cardíaca, digestão e bexiga.

Segundo a equipe da Mayo Clinic, os sinais e sintomas de neuropatia periférica podem incluir:

  • Início gradual de dormência, formigamento ou formigamento nos pés ou nas mãos, que pode se espalhar para cima nas pernas e braços
  • Dor aguda, aguda, latejante ou em queimação
  • Sensibilidade extrema ao toque
  • Dor durante atividades que não devem causar dor, como dor nos pés ao colocar peso sobre eles ou quando estão debaixo de um cobertor
  • Falta de coordenação e queda
  • Fraqueza muscular
  • Sentindo-se como se estivesse usando luvas ou meias quando não está
  • Paralisia se os nervos motores forem afetados

Se os nervos autônomos forem afetados, os sinais e sintomas podem incluir:

  • Intolerância ao calor
  • Suor excessivo ou não ser capaz de suar
  • Problemas intestinais, da bexiga ou digestivos
  • Alterações na pressão arterial, causando tonturas ou vertigens

2 vias metabólicas podem estar ligadas ao início da neuropatia periférica no mal de Parkinson

Um estudo do Departamento de Neurologia do Hospital Ilsan Paik da Faculdade de Medicina da Universidade Inje na Coréia, mostrou que as vias metabólicas envolvendo ácido úrico e homocisteína podem desempenhar um papel no início da neuropatia periférica em pacientes com doença de Parkinson.

O estudo publicado no Yonsei Medical Journal mostrou que apesar de ainda não se ter clareza sobre quais fatores provocam o surgimento da neuropatia periférica em pacientes com Parkinson que fazem uso da levodopa, o que se sabe é que algumas vias metabólicas que envolvem certas vitaminas e aminoácidos, podem ter um papel importante para o desenvolvimento da condição.

Segundo Joana Carvalho, do site Parkinson News Today, para lançar mais luz sobre isso, os pesquisadores decidiram avaliar a prevalência de neuropatia periférica em pacientes não medicados com Parkinson, bem como identificar possíveis vias metabólicas que poderiam estar envolvidas em seu início.

O estudo incluiu um total de 105 pacientes – 41 mulheres e 64 homens – com doença de Parkinson recém-diagnosticada que não estavam tomando nenhum medicamento para sua condição.

Os testes de condução nervosa – que medem a velocidade com que os sinais elétricos viajam ao longo dos nervos – foram realizados nas extremidades superiores e inferiores de todos os participantes do estudo para avaliar a presença de neuropatia periférica.

Os pesquisadores também coletaram amostras de sangue para medir os níveis de vários metabólitos que podem desempenhar um papel no início da neuropatia periférica, incluindo a vitamina B12, o aminoácido homocisteína e a molécula antioxidante ácido úrico.

Dos 105 pacientes incluídos no estudo:

  • 24 (22,8%) tinham velocidades de condução nervosa anormalmente baixas, o que indicava a presença de neuropatia periférica. 
  • Em 20 desses pacientes, a neuropatia periférica afetou os nervos motores e sensoriais localizados nas pernas, enquanto nos outros quatro indivíduos, ela afetou apenas os nervos sensoriais (três pacientes) ou motores (um paciente).

Os nervos sensoriais e motores são os responsáveis ​​por controlar a sensação e o movimento nos braços e nas pernas, respectivamente.

A equipe também identificou a presença da síndrome do túnel do carpo – uma condição na qual a compressão do nervo mediano, que desce do braço até a mão, causa dormência, formigamento e fraqueza nas mãos e dedos – em nove pacientes. Cinco desses pacientes também tinham os tremores típicos que caracterizam o Parkinson.

Eles então mediram e compararam os níveis de vitamina B12, homocisteína e ácido úrico no subgrupo de pacientes que tinham neuropatia periférica com aqueles que não tinham.

Essas análises revelaram que os pacientes que tinham neuropatia periférica tinham níveis significativamente mais elevados de homocisteína e ácido úrico no sangue, em comparação com aqueles que tinham não tem neuropatia periférica.

Além disso, a equipe descobriu que os pacientes com neuropatia periférica tendem a ter níveis mais baixos de vitamina B12 no sangue do que aqueles sem a doença.. No entanto, as diferenças nos níveis de vitamina B12 entre os dois grupos não foram estatisticamente significativas.

Os pesquisadores concluíram que os dados do estudo demonstram um papel importante de homocisteína e do ácido úrico na neuropatia periférica em pacientes não medicados com Parkinson. Outros estudos com amostras maiores de pacientes deverão ser feitos para confirmar estes dados.

Fonte:

Joana Carvalho, PHD – Parkinsons News Today
Mayo Clinic


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