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Transtornos do controle de impulsos (TCIs) são distúrbios comportamentais em que uma pessoa não consegue conter seus impulsos e se comporta de maneiras que resultam em prejuízo no domínio social e ocupacional.
Na doença de Parkinson os distúrbios estão intimamente relacionados ao uso de medicamentos dopaminérgicos, e normalmente incluem jogo patológico, gastos excessivos, hipersexualidade e excesso de alimentação. Os pacientes podem apresentar mais de um TCIs simultaneamente.
A prevalência de TCIs na Doença de Parkinson não é precisamente conhecida. Um estudo realizado recentemente descobriu que os TCIs estavam presentes em 9% dos pacientes de Parkinson com idade inferior a 65 anos. Outros estudos realizados observando taxas específicas de TCIs em populações clínicas descobriram que o jogo patológico e a hipersexualidade, individualmente, afetam entre 2 a 5% dos pacientes.
Há uma série de semelhanças entre os diferentes tipos de TCIs. Primeiramente, é importante destacar que jogos de azar, sexo e compras, os TCIs relatados com mais frequência, estão todos dentro do repertório normal de comportamentos humanos. É a frequência incomum e excessiva destes comportamentos que os tornam prejudiciais.
Jogo Patológico
Os psiquiatras definem o jogo patológico como um comportamento de jogo mal adaptativo persistente e recorrente em que o paciente realizou repetidos esforços mal sucedidos de controle. Pacientes afetados podem mentir para os membros da família ou outros para esconder a extensão do envolvimento com o jogo.
Doença de Parkinson e Hipersexualidade
Comportamentos hipersexuais variam de pessoa para pessoa, mas representam um desvio da atividade sexual habitual do indivíduo em frequência, intensidade ou contexto. A hipersexualidade pode começar como pensamentos ou impulsos intrusivos e se transformar em comentários ou atos inadequados.
Alguns pacientes podem começar a usar pornografia ou desenvolver parafilias. As parafilias envolvem recorrentes e intensas fantasias sexuais, impulsos ou comportamentos incluindo atividades como o sadomasoquismo, exibicionismo , entre outros. A atividade sexual alterada pode ocorrer dentro de um contexto estabelecido, por exemplo, quando há um aumento da demanda por sexo com o cônjuge.
Outros transtornos de controle de impulso
Compras excessivas e outros transtornos do controle dos impulsos também já foram observados em pacientes com Doença de Parkinson e compartilham características comuns de comportamentos: angústia e dificuldade de resistir a algum impulso.
Os comportamentos impulsivos são um efeito colateral da medicação de Parkinson?
Comportamentos impulsivos que ocorrem em pacientes com Parkinson podem ser difíceis de distinguir de outros distúrbios psiquiátricos que também podem ocorrer na DP. Em geral, os TCIs em parkinsonianos tendem a ser distintos de outros estados comportamentais.
Os TCIs também não fazem parte de um transtorno obsessivo-compulsivo, no qual pensamentos repetitivos indesejáveis (obsessões) obrigam a pessoa a realizar comportamentos ritualísticos (compulsões) para reduzir a ansiedade. Ao contrário, comportamentos impulsivos são frequentemente motivados por prazer, gratificação ou alguma outra recompensa.
Estudos apoiam uma forte associação entre transtornos do controle dos impulsos e medicação antiparkinsoniana, especialmente os agonistas da dopamina. De fato, foi demonstrado que os TCIs se desenvolvem em pacientes que recebem agonistas dopaminérgicos para causas não relacionadas com a doença de Parkinson, como síndrome das pernas inquietas, fibromialgia e adenomas hipofisários.
As diferenças genéticas nos receptores dopaminérgicos e no metabolismo provavelmente desempenham um papel na determinação de quais pacientes estão em maior risco de sofrer com os TCIs.
O tratamento dos TCIs no Parkinson normalmente envolve diminuir os medicamentos dopaminérgicos. Muitas vezes, isso é um desafio porque os medicamentos são necessários para tratar o aspecto do distúrbio de movimento na DP. Parar completamente os medicamentos para tratar um transtorno do controle do impulso geralmente não é prático. Mas, parar ou reduzir a dose do agente suspeito geralmente ajuda.
No entanto, vale destacar que, uma vez que um comportamento impulsivo é reconhecido, o mais importante é informar o médico do paciente. Parar ou alterar doses de medicação sem orientação pode produzir efeitos colaterais indesejados em outros aspectos.
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