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Um exame de sangue que mede os danos ao DNA nas mitocôndrias das células sanguíneas poderia ajudar a diagnosticar pacientes com doença de Parkinson
Qual o exame que detecta o Parkinson? Como diagnosticar o Parkinson? Essas dúvidas são recorrentes em pacientes. Seria possível um exame de sangue para detectar a Doença de Parkinson? Um estudo preliminar sugere que os danos ao DNA nas mitocôndrias podem ser um marcador precoce da Doença de Parkinson.
Um resumo do que você vai ler nesse texto:
- A Doença de Parkinson é um distúrbio cerebral progressivo que causa sintomas como tremores, rigidez muscular e problemas de equilíbrio.
- O diagnóstico precoce da doença é desafiador, pois os sintomas podem não aparecer até que a doença esteja em estágio avançado.
- Um estudo recente sugere que um exame de sangue que detecta danos no DNA mitocondrial pode ajudar a diagnosticar a doença de Parkinson em estágios iniciais.
- O teste foi desenvolvido pela equipe da neurocientista Laurie Sanders da Universidade Duke.
- O exame foi capaz de diferenciar grupos de pessoas com doença de Parkinson de indivíduos saudáveis.
- O teste também foi capaz de detectar danos no mtDNA em pessoas portadoras da variante LRRK2, que está associada à doença, mas que ainda não apresentavam sintomas.
- Isso pode ser útil para identificar pacientes antes mesmo do desenvolvimento de doenças graves.
- Ainda em fase de desenvolvimento, o teste tem o potencial de revolucionar o diagnóstico da Doença de Parkinson.
Um exame de sangue para detectar a Doença de Parkinson antes mesmo do surgimento dos sintomas clínicos
A Doença de Parkinson é um distúrbio cerebral progressivo que se manifesta gradualmente. Conforme avança, a doença acaba levando a dificuldades de movimentação, tremores e, frequentemente, demência em estágios avançados.
Diagnosticar essa doença nos estágios iniciais de sua evolução, que pode durar vários anos, costuma ser desafiador. Só que esse desafio dificulta a realização de testes com tratamentos experimentais. Além disso, atrasa o acesso aos medicamentos existentes, que não conseguem deter a contínua perda de células cerebrais, embora proporcionem alívio temporário de muitos sintomas associados.
No entanto, um estudo recente que utiliza roedores e amostras de tecido de pacientes com diagnóstico de Parkinson mostrou algo diferente. Em resumo, o estudo sugere que é possível realizar um diagnóstico precoce da doença por meio da detecção de danos no DNA presentes em amostras de sangue.
Embora seja necessário validar o potencial desse teste por meio de estudos clínicos, a identificação de danos no DNA se soma a uma série de outros biomarcadores recentemente identificados para a Doença de Parkinson. Isso aumenta nossa capacidade de afirmar com confiança se um indivíduo está ou não afetado pela doença.
Mark Cookson é um pesquisador especializado em neurodegeneração no Instituto Nacional do Envelhecimento. Foram as doações do Instituto que contribuíram para financiar este novo estudo. Cookson compartilhou que este avanço é promissor. O estudo foi publicado recentemente na revista Science Translational Medicine.
A criação de um exame de sangue baseado nesses achados também pode possibilitar que os pacientes iniciem tratamentos existentes mais cedo. Isso impulsionaria os ensaios clínicos destinados a avaliar novas terapias, de acordo com os autores da pesquisa.
“É realmente emocionante porque é algo que [os médicos] poderiam usar para detectar [a doença de Parkinson] antes que os sintomas clínicos surjam”
diz a neurocientista Malú Tansey, da Universidade da Flórida, que também não esteve envolvida na pesquisa.
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Como funcionaria o exame de sangue para detectar o Parkinson?
A Doença de Parkinson surge devido à degeneração de determinados neurônios no cérebro, o que provoca uma queda nos níveis do neurotransmissor dopamina. Esse processo resulta em sintomas como rigidez muscular, problemas de equilíbrio, disfunções cognitivas, dificuldades na fala e outros sintomas que se desenvolvem ao longo do tempo.
Em princípio, o novo teste se baseia na observação de que o Parkinson frequentemente está relacionado a um mau funcionamento das mitocôndrias. Mitocôndrias são organelas poderosas dentro das células e têm seu próprio DNA. Diversos grupos de pesquisa, incluindo o liderado pela neurocientista Laurie Sanders da Faculdade de Medicina da Universidade Duke, identificaram sinais de danos no DNA mitocondrial (mtDNA) em tecido cerebral de alguns pacientes com Parkinson.
Alguns estudos também detectaram mitocôndrias defeituosas nas células sanguíneas de pacientes, sugerindo que os danos no mtDNA no sangue podem servir como indicativo do que está ocorrendo no cérebro, conforme afirma Sanders.
Recentemente, o laboratório de Sanders e seus colaboradores desenvolveram um novo teste que avalia a quantidade de mtDNA danificado em amostras de sangue. Esse teste conseguiu diferenciar grupos de até cerca de 50 pessoas com doença de Parkinson de indivíduos saudáveis.
Além disso, os pesquisadores encontraram níveis elevados de danos no mtDNA no sangue de um paciente diagnosticado com Parkinson que possui uma forma rara e mutada de um gene chamado LRRK2, o qual aumenta o risco da doença. Anteriormente, a equipe de Sanders já havia estabelecido uma ligação entre essa mutação e danos no mtDNA em tecido cerebral.
Um aspecto intrigante dos estudos de exames de sangue
O aspecto mais intrigante estaria em um outro teste. Os resultados desse teste detectaram danos em pessoas portadoras da variante LRRK2, que está associada à doença, mas que ainda não apresentavam sintomas. Isso sugere que o teste poderia identificar indivíduos antes mesmo do desenvolvimento de doenças graves. Incluindo as pessoas que não possuem a mutação LRRK2 ou outras mutações relacionadas ao Parkinson, o que é uma descoberta significativa, segundo Sanders.
Além disso, o ensaio pode ser útil para determinar quais pacientes podem se beneficiar de um composto experimental direcionado ao LRRK2 para o tratamento do Parkinson. Os resultados da equipe de Sanders mostraram que o tratamento com esse composto reduziu os níveis de danos no mtDNA em células cultivadas de pacientes com Parkinson e em neurônios de ratos com a doença induzida por neurotoxinas.
Atualmente, esse composto está passando por testes clínicos, e Sanders acredita que o ensaio desenvolvido por sua equipe pode ajudar a identificar se o tratamento está sendo eficaz para os pacientes.
Até o momento, o ensaio foi avaliado apenas retrospectivamente em amostras de sangue armazenadas; portanto, os pesquisadores ainda precisam demonstrar sua capacidade de detectar o Parkinson de forma precoce com precisão e sensibilidade por meio de um estudo prospectivo.
Além disso, é necessário um melhor entendimento sobre por que o bloqueio do LRRK2 parece reduzir os danos no mtDNA, como observa Cookson. Compreender o mecanismo envolvido é essencial para uma compreensão adequada do que esse biomarcador promissor pode revelar sobre a patogênese da doença.
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Outros estudos sobre exames de sangue e o Parkinson estão em andamento
É importante notar que o teste de mtDNA não é o único exame de sangue em investigação para o Parkinson. No início deste ano, os pesquisadores informaram sobre a análise do líquido espinhal em busca de uma forma mal conformada da proteína neural chamada alfa-sinucleína, que poderia ter diagnosticado potencialmente 88% dos 545 pacientes atuais.
Os pesquisadores também estão progredindo em um exame de sangue para detectar essa proteína, que se acumula no cérebro das pessoas com Parkinson.
No entanto, os testes de mtDNA e de alfa-sinucleína “medem aspectos ligeiramente diferentes” e podem refletir diferentes subtipos da doença de Parkinson, como observa Sanders.
Em síntese, ela planeja aplicar ambos os testes em pessoas suspeitas de terem Parkinson. Isso poderia proporcionar uma compreensão mais abrangente da doença e, assim, melhorar sua abordagem terapêutica.
Referências:
Com informações do texto escrito por Jocelyn Kaiser em Sciense.org
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