Tempo de leitura: 3 minutos
Um estudo sugere uma relação entre o uso de estatinas (medicamentos usados para baixar o colesterol) e o risco de desenvolver a Doença de Parkinson. O estudo, ” Associação do uso de estatinas com a doença de Parkinson: relação dose-resposta “, foi publicado na revista Movement Disorders.
As estatinas são um dos medicamentos mais comumente prescritos para prevenir doenças cardiovasculares. Este grupo de moléculas pode baixar o colesterol e ter um efeito anti- inflamatório potente com a capacidade de reduzir o dano oxidativo (dano celular como consequência de altos níveis de moléculas oxidantes).
De acordo com o estudo realizado, há uma hipótese de que as estatinas podem proteger contra doenças neurodegenerativas. A pesquisa ressalta que vêm crescendo o número de evidências de que as estatinas diminuem a morte celular dopaminérgica em testes com animais.
Porém, enquanto alguns estudos relatam que o uso de estatinas reduz a probabilidade de uma pessoa desenvolver Parkinson, outros estudos relatam exatamente o oposto, que o uso de estatina aumenta o risco de Parkinson. Outros estudos não relatam associação alguma. É importante ressaltar que esses estudos normalmente não dividem os usuários de estatinas com base nos níveis de colesterol, ou em seu estado de uso de estatinas que varia com o tempo.
Como o estudo foi desenvolvido?
Para entender essa possível relação, os pesquisadores analisaram dados do Serviço Nacional de Seguro de Saúde da Coreia, que assegura 97% da população sul-coreana e inclui dados sobre diagnósticos de doenças e uso de medicamentos. Os pesquisadores se concentraram em pacientes com mais de 60 anos em 2002 e excluíram pacientes que já tinham sido diagnosticados com Parkinson ou tinham outras condições neurológicas, como demência .
O grupo de estudo consistiu de 87.797 indivíduos que foram acompanhados por 10 anos, do início de 2006 até o final de 2015. Os pesquisadores também dividiram esses indivíduos em usuários de estatina (12% do total) e não-usuários, e dividiram ainda mais os usuários de estatina com base na quantidade de estatina que usaram, tanto a dosagem quanto o número de dias que tomaram o remédio dentro do período de 1 ano. Os níveis de colesterol total também foram levados em consideração.
No geral, os usuários de estatina foram mais propensos do que os não-usuários a desenvolver a Doença de Parkinson. No entanto, a relação foi menos clara quando os pesquisadores examinaram pessoas que tomaram quantidades diferentes de estatinas.
Enquanto aqueles que usaram quantidades relativamente baixas de estatinas (por menos de um ano) foram significativamente mais propensos a desenvolver Parkinson, esta associação desapareceu entre as pessoas que tomaram mais do medicamento com mais frequência (365 a 540 dias). Ou seja, com o aumento da duração e adesão ao tratamento com estatinas, a tendência de facilitar a DP desapareceu.
Também, há alguns dados que o colesterol baixo pode aumentar o risco de desenvolver Parkinson. Os pesquisadores observaram que em sua população de estudo, baixos níveis de colesterol foram associados com um risco ligeiramente maior de Parkinson. Então, é possível que as estatinas aumentem o risco de Parkinson simplesmente através de sua função pretendida.
Uma explicação alternativa é que as estatinas não causam Parkinson, mas tornam seus sintomas mais perceptíveis. Portanto, conclui-se que as pessoas que tomam estatinas seriam mais propensas a serem diagnosticadas, mesmo que não haja diferença em como a doença realmente progride.
Deve-se destacar que ambas as explicações são plausíveis, mas como este estudo mostra apenas uma correlação, é impossível dizer qual delas e se está correta. Para um resultado mais preciso outras pesquisas ainda são necessárias.
Os comentários foram encerrados, mas trackbacks e pingbacks estão abertos.